Obsessão, desejo e morte: a história de Maria Luíza Fernandes

A adolescente de 15 anos, raptada, estuprada e assassinada em abril de 2009 por dizer não!

Quando aquela mãe quiser substituir a terça-feira, 21 de abril de 2009, não encontrará outra palavra senão angústia. Quando essa mesma mulher quiser definir o sentimento mais presente em sua vida — e na de tantos que a cercam —, não haverá outro que melhor retrate os últimos 16 anos senão saudade.
Rosilene Fernandes e o companheiro Umbelino Fernandes conhecem bem o significado mais cruel da dor. A filha do casal, Maria Luíza Fernandes, moradora do bairro Bom Pastor, saiu de casa no início da noite para ir a uma lan house e, em seguida, encontrar o namorado no bairro vizinho, Cidade da Esperança. O que era para ser um percurso breve, tornou-se eterno.

Com a demora de Maria para voltar para casa, Rosilene, familiares e amigos iniciaram uma busca que só teve fim seis dias depois — da forma mais trágica possível. Maria Luíza foi encontrada morta em uma área de dunas, no bairro Felipe Camarão, com evidências claras de violência. O rosto desfigurado, uma camisa do time de que gostava amarrada ao pescoço, e um galho de vegetação local inserido em seu corpo.
A cena, testemunhada por muitos, dilacerou aquele pai, que chegou desesperado, quase sem forças, incapaz de acreditar que a menina que tanto amava havia tido um fim tão brutal. Ainda me corta o coração lembrar do olhar de Umbelino diante daquela terrível cena.

A partir daquele momento, os comerciantes Rosilene e Umbelino iniciaram uma jornada em busca de respostas, justiça e verdade. A luta do casal foi sofrida. A polícia demorava a encontrar os responsáveis por um crime que causou enorme comoção no Estado. Porém, graças às investidas e cobranças de amigos e familiares, as investigações avançaram, até que o principal suspeito foi identificado e preso: Thiago Felipe Rodrigues Pereira, conhecido como “Thyago Cabeção”.
Todas as linhas investigativas o apontavam. Segundo o inquérito conduzido pela DHPP, Maria foi raptada, levada a uma casa, violentada sexualmente e, depois, teve seu corpo jogado em um morro onde funcionava um lixão. Thiago foi julgado e condenado a 26 anos e três meses de prisão.

Mesmo diante da certeza da participação de Thiago no homicídio triplamente qualificado, os investigadores não descartavam a presença de uma segunda pessoa. Os delegados responsáveis pela apuração suspeitavam que ele não havia agido sozinho. Durante algum tempo, essa segunda pessoa parecia invisível — até que, meses depois, a Polícia Civil chegou a Kleisson de Souza Freitas, de 32 anos, conhecido como “Nêgão”.
Ele foi localizado fora de Natal e preso diante de provas contundentes que o colocavam ao lado de Thiago na cena do crime. Segundo o promotor de Justiça Augusto Flávio Azevedo, o assassinato foi motivado por uma combinação de desejo e drogas.

Naquela noite de abril, Maria nunca chegou a encontrar o namorado. Ela foi forçada a entrar em um carro com os dois criminosos e levada até uma casa na zona Oeste, que, segundo a polícia, pertencia a Kleisson. Lá, passou por momentos terríveis: foi abusada, espancada e, por fim, asfixiada.
Thiago nunca quis conversar com a imprensa. Negou tudo, inclusive em uma rara oportunidade, frente a frente com este repórter, antes de ser julgado. Kleisson, por outro lado, sempre que teve oportunidade, afirmou ser inocente.

Hoje, 21 de abril de 2025, completam-se 16 anos desde aquele dia que mudou tudo. Os condenados seguem cumprindo pena. Os pais de Maria seguem vivendo — com o coração atravessado por uma dor imensurável.
A justiça que tanto pediram foi feita. Mas Maria Luíza, a menina querida de Rosilene e Umbelino, permanece viva nas lembranças: na festa de 15 anos, no despertar para ir à escola, no sorriso iluminado que carregava.
Ela segue presente na memória de quem precisou se equilibrar na linha tênue entre contar uma história… e vivê-la.

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