José Fernandes da Silva, o “Dedé do Fogo”, é o primeiro de 11 acusados pelo crime que vitimou o empresário e pré-candidato a prefeito de Janduís em 2020
Está marcada para esta quarta-feira (3), às 8h, no Fórum Municipal de Natal, a primeira sessão do Tribunal do Júri Popular referente ao assassinato do empresário e político Raimundo Gonçalves de Lima Neto, conhecido como Neto de Nilton, do PSOL. Ele foi morto em 11 de abril de 2020, quando se preparava para disputar a prefeitura de Janduís, no Oeste Potiguar.
O primeiro réu a sentar no banco dos acusados será José Fernandes da Silva, conhecido como Dedé do Fogo. Segundo o Ministério Público do RN (MPRN), sua participação no crime teria sido voltada à logística, enquanto outros réus são apontados como executores diretos.
A denúncia
De acordo com a denúncia do MPRN, Neto de Nilton foi executado mediante paga ou promessa de recompensa, com uso de recurso que dificultou ou impossibilitou sua defesa. A motivação seria tirá-lo do processo eleitoral de 2020 em Janduís.
O MP aponta os réus João Paulo Fernandes da Silva Brito e Antônio Alcivan Fernandes Júnior, o Mangabeira, como os executores do crime. Eles teriam fugido em uma motocicleta verde e foram reconhecidos por testemunhas. O planejamento ocorreu em uma fazenda chamada Pitombeira, na zona rural de Campo Grande.
Ainda segundo as investigações, a morte foi encomendada por pessoa não identificada a Elzimar Izídio de Souza, conhecido como Dito, e Ranielly Brito de Azevedo, o Amarelo, apontado como líder do grupo criminoso “Bonde do Cangaço Cabuloso”.
Após a execução, membros da facção teriam feito uma confraternização na Fazenda Pitombeira, onde registraram fotos com armas, bebidas e ostentando objetos da vítima. Em uma das imagens, aparece um relógio que depois foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma abordagem na BR-304, quando integrantes do grupo foram flagrados com diversas armas. Entre os detidos estava Dedé do Fogo.
Foi a partir dessa operação que a polícia conseguiu chegar a outros integrantes do bando e desvendar detalhes da trama. No entanto, quem contratou o grupo para executar Neto de Nilton jamais foi identificado.
O júri
O julgamento desta quarta começa com o sorteio dos sete jurados que comporão o Conselho de Sentença. Em seguida, serão ouvidas testemunhas e também o réu. O Ministério Público terá 90 minutos para apresentar sua tese e detalhar a participação de Dedé do Fogo, defendendo a condenação.
Na sequência, o advogado de defesa, Gilvan Lira, terá o mesmo tempo para sustentar a absolvição por falta de provas.
Ao fim dos debates, os jurados serão levados à Sala Secreta, onde votarão os quesitos discutidos. A decisão será proclamada em plenário, cabendo ao juiz presidente aplicar a pena conforme o resultado.