Pela primeira vez na história do Brasil, um traficante de drogas pode ser indiciado por terrorismo. A Polícia Federal (PF) abriu uma investigação contra Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, apontado como líder do Terceiro Comando Puro (TCP), uma das principais facções criminosas do Rio de Janeiro.
Peixão domina o chamado Complexo de Israel, na Zona Norte da capital fluminense, que inclui comunidades como Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-pau. O nome da região faz referência à presença de símbolos como a Estrela de Davi e a bandeira israelense espalhados pelo território dominado pela facção.
A investigação da PF aponta que o traficante está envolvido na promoção de terror social e pode ser enquadrado na lei antiterrorismo sancionada em 2023. Os comandados de Peixão possuem um arsenal de alto poder destrutivo, suficiente para sustentar confrontos armados por horas, como ocorreu na última quarta-feira (12). Durante a operação policial, tiroteios intensos provocaram o fechamento da Avenida Brasil e da Linha Vermelha em diferentes momentos. Quatro pessoas ficaram feridas, sendo duas baleadas e outras duas atingidas por estilhaços de vidro.
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou que a “ação emergencial” foi necessária para impedir um “banho de sangue”. Segundo os serviços de inteligência das polícias Civil e Militar, a operação ocorreu para evitar uma tentativa de invasão do TCP à comunidade do Quitungo, dominada pela facção rival Comando Vermelho (CV).
O TCP foi criado em 2002, após uma dissidência no Terceiro Comando (TC), e desde então tem expandido sua atuação no tráfico de drogas, alcançando outras regiões do país, como Amazonas, Ceará e Bahia. O Complexo de Israel, sob o comando de Peixão, tem sido associado a um discurso religioso e já foi acusado de perseguir praticantes de religiões afro-brasileiras e católicos.
A investigação da PF ainda está em andamento, e o indiciamento por terrorismo pode representar um marco no combate ao crime organizado no Brasil.
Fonte: https://brunoassuncao.com