Natal, Rio Grande do Norte, 31 de Outubro de 2024
Sérgio Costa 21/08/2011 às 17h33 - Atualizada em 21/07/2017 às 14h35
Moisés Luis do Nascimento, Cândido Ferreira e Antônio Carlos de Souza. Todos eram taxistas e viviam em Natal nos anos 60. Esses homens, segundo relatos da história, foram vítimas de um dos bandidos mais famosos da crônica policial potiguar, que depois de morto se tornou santo. João Rodrigues Baracho, ou simplesmente “Baracho”, faz parte do Baú da Polícia.
O homem que foi considerado o terror da cidade tinha uma especialidade: assaltar e matar trabalhadores da noite, principalmente taxistas. Em um período de dois anos, foram vários crimes atribuídos a ele. Baracho chegou a ser preso algumas vezes, mas fugia logo depois para esconderijos nas cidades de Monte Alegre e São José do Mipibu.
Natal naquela época vivia dias de medo. Na noite de 29 de abril de 1962, após serrar as grades de uma cela da delegacia de furtos e roubos, vigiada por seis homens, ele ganhou mais uma vez a liberdade. Essa seria a última.
Cícero Luiz tinha 18 anos na época e era soldado do Exército. Ele lembra bem da história de crimes assinadas por Baracho. Segundo ele, a cidade estava em pânico com a onda de assassinatos os quais a autoria tinha um nome.
“Todos de alguma forma queriam ficar longe do risco de ser vítima de Baracho. As pessoas dormiam mais cedo e fechavam suas portas com medo de João. Eu cheguei até a ser preso por causa daquele cabra [sic]. Em uma madrugada quando caminhava para o quartel fui abordado pela guarnição da polícia do exército e eles acharam uma faca na minha cintura... (risos). Cada um se protegia de Baracho do seu jeito”, lembra.
João Baracho foi morto na manhã do dia 30 de abril de 1962, após um cerco policial no bairro do Carrasco, hoje Dix Sept Rosado. Segundo a história, quando fugia da PM, ele chegou a pedir guarida a uma moradora e lá também pediu água. A mulher, além de negar o segundo pedido do assassino ainda o entregou para a polícia. Baracho foi morto com mais de 30 tiros.
Em seu túmulo no cemitério do Bom Pastor, flores, velas, pernas e braços de madeira e recipientes contendo água. Materiais simbólicos de supostos milagres atribuídos à Baracho. Depois de quase 50 anos de sua morte, a saga do bandido santo vem perdendo sua força, mas ainda existem aqueles que acreditam que o matador de taxistas conseguiu o direito no camarote do céu, pelo simples fato de ter morrido com sede.