Natal, Rio Grande do Norte, 15 de Maio de 2024
Thyago Macedo 21/01/2012 às 13h54 - Atualizada em 24/07/2017 às 07h09
O secretário estadual de Justiça e Cidadania, Fábio Hollanda, agiu certo ao abrir sindicância para investigar suposta negligência dentro do presídio de Alcaçuz para que 41 presos fugissem. Mas, eu pergunto: por que não se apura também a negligência do Governo do Estado para com o Sistema Penitenciário do Rio Grande do Norte?
Se houve facilitação por parte de agentes ou policiais militares para a fuga isso é apenas o desfecho final de um processo de negligência que tem início no Poder Executivo. Há muito tempo os presídios estaduais e cadeias públicas sofrem com a falta de estrutura e efetivo. Não é de hoje que presos fogem tranquilamente, seja por túnel, pulando muro ou simplesmente pela porta da frente das prisões.
E eu pergunto ainda: qual o investimento que foi feito em Alcaçuz nos últimos tempos? Ao contrário disso, a unidade só sofreu com a deterioração e abandono. Quem já entrou em um dos pavilhões antigos da penitenciária percebe o quanto o sistema é frágil. As paredes são todas esburacadas, as celas quebradas e os esgotos abertos.
Em muitos presídios do Estado, inclusive em Alcaçuz, os próprios presos são responsáveis por abrir determinadas alas. Agentes e policiais têm medo de arriscar suas vidas entrando em áreas de risco sem o mínimo de proteção. No ano passado, fiz matéria mostrando que faltava coletes e armas na penitenciária de Nísia Floresta e os próprios agentes são obrigados a investir na sua segurança.
Até mesmo os carros particulares eles são obrigados a usar para fazer remoção de presos. E a história das “vaquinhas” para comprar cimento e fechar túneis, vocês lembram? Pois é, se isso não é negligência do Estado, o que mais vai ser? Recentemente, também fiz matéria relatando que a maioria das guaritas de Alcaçuz estavam desativadas. Agora que a bomba estourou, o Governo do Estado tenta tirar o corpo de fora e jogar a responsabilidade unicamente para os profissionais que trabalham em Alcaçuz.
Mas, voltou a dizer, se houve negligência ela teve início dentro do Poder Executivo. Além disso, gostaria de aconselhar ao senhor secretário Fábio Hollanda a pensar duas vezes antes de abrir a boca para dizer que o Estado tem total controle sobre o sistema prisional do Rio Grande do Norte. Ao afirmar isso, o senhor está demonstrando que não conhece a área em que vai atuar e, pior ainda, está colocando em risco sua credibilidade e história como respeitável jurista deste Estado. Hoje, quem manda no sistema penitenciário potiguar são os próprios presos, acreditem ou não!
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