Natal, Rio Grande do Norte, 05 de Dezembro de 2024
Redação 20/05/2014 às 19h31 - Atualizada em 08/08/2017 às 08h10
O Conselho Estadual de Diretos Humanos e Cidadania do Rio Grande do Norte apresentou, nesta semana, os novos números de homicídios registrados no Estado nos primeiros cinco meses de 2014. O relatório mostra dados colhidos de 1º de Janeiro a 7 de Maio deste ano e revela um quadro preocupante da violência, principalmente na capital.
O mapeamento dos crimes violentos letais intencionais aponta a cidade de São José do Mipibu como o município de maior índice, com 51,95 homicídios a cada 100 mil habitantes.
São Gonçalo do Amarante vem em segundo lugar, com 28,36 homicídios, seguida de Parnamirim, com 21,79, e Natal em quarto lugar, registrando 24,48 homicídios a cada 100 mil habitantes. Municípios que não fazem parte da região Metropolitana, como Assu e Baraúna, tiveram um aumento nos casos de homicídios. Já em Mossoró, os números praticamente não mudaram.
Em 2013, foram seis registros de assassinatos em Assu, neste mesmo período. Em 2014, doze pessoas já foram vítimas de homicídio. Em Baraúna, os casos saíram de nove no ano passado para quinze este ano. Em Mossoró, a diferença foi de apenas quatro casos, sendo 68 em 2013 para 64 em 2014.
A capital do Rio Grande do Norte tem 209 registros de homicídios. A zona Norte de Natal se destaca como a região de maior índice, com 27, 14 homicídios a cada 100 mil habitantes. Nos últimos 150 dias, foram 80 assassinatos, seguido da zona Oeste, com 70. A zona Sul, por sua vez, teve 26 homicídios e zona Leste 24 casos. O bairro Nossa Senhora da Apresentação registrou 24 crimes de morte. Já Felipe Camarão teve 19 casos, Lagoa Nova mais seis e Mãe Luiza outros sete homicídios.
Os números em todo o Estado do RN chegam a 611 homicídios e com um dado preocupante, a faixa etária caiu consideravelmente em cinco anos. De janeiro até o mês de maio, 126 vítimas de homicídios no Estado tinham até 21 anos de idade. Em 2009, este número não ultrapassou 80.
Para o pesquisador em criminologia, violência e direitos humanos, Ivênio Hermes, a ausência de políticas públicas de segurança é um das razões principais para tão avançado quadro de violência no Rio Grande do Norte. “A violência atual é fruto de vários anos de ausência de políticas públicas de segurança, desde aquelas que valorizam e aproximam o policial da população, como um planejamento estratégico de aumento gradual de efetivo, beneficiando tanto o policiamento ostensivo como investigativo. Sem essas políticas, o RN mergulhou num mar de impunidade que deságua em um tsunami de homicídios”, disse.
A Delegacia Geral de Polícia civil se pronunciou através de uma nota e informou que a Delegacia Especializada em Homicídios (Dehom) está passando por um processo de reestruturação, para que as investigações dos homicídios de Natal de Grande Natal passem a ser direcionados diretamente para a Especializada. Nesse sentido, uma equipe especial da DEHOM será deslocada até os locais de crime. A nota diz ainda que Atualmente a DEHOM investiga apenas os homicídios com autoria desconhecida, no entanto o inquérito, na maioria das vezes, demora para chegar à Especializada. Com essa reestruturação será possível agilizar o processo investigativo e otimizar o trabalho da Polícia Civil.
Além disso, a Divisão de Homicídios também tem previsão para funcionar a partir do segundo semestre, a partir dos recursos oriundos do Programa Brasil Mais Seguro, do Governo Federal. Com isso, devem-se reduzir os índices de homicídios e as estatísticas dos crimes de homicídio poderão ser concentradas num único órgão. Enquanto o modelo da nova DEHOM não for implantado, cada delegacia investiga o crime de homicídio acontecido na sua respectiva área.