Publicada: 16/10/2011 às 06h06

População ainda não conhece o projeto “Comunidade em Paz”

Projeto foi criado há pouco mais de um mês, mas carece de mais divulgação.

Por Thyago Macedo

Criado em agosto como uma das principais apostas do Governo do Rio Grande do Norte na área da Segurança Pública, o projeto Comunidade em Paz ainda não faz parte do cotidiano dos moradores do bairro de Nossa Senhora da Apresentação. Lá, três postos policiais passaram a ser bases do projeto e passam 24h dias abertos, com policiais militares e policiais civis prontos para atender ocorrências.

A proposta é semelhante ao Ronda Cidadã, posta em prática em vários estados brasileiros, como o Ceará. A idéia é promover uma interação entre população e polícia, de maneira que ambos desenvolvam uma confiança mútua e, dessa maneira, as comunidades se tornem mais tranquilas.

Ao longo desses dois meses, de acordo com estatísticas da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, os registros de ocorrências policiais tiveram redução de 6% em Nossa Senhora da Apresentação, bairro que nos últimos anos vem liderando o ranking de violência em Natal, principalmente, devido aos altos índices de homicídios.

Agora, o Governo do Estado espera partir da redução de ocorrências consideradas menos graves, como furtos e roubos, para poder conseguir diminuir os homicídios. Atualmente, o Comunidade em Paz conta com 90 policiais, entre militares e civis, e três viaturas específicas para o projeto.

Cada um dos veículos fica disponível para as três bases do projeto, montadas nas comunidades do Parque dos Coqueiros, Planície das Mangueiras e Jardim Progresso, todas dentro do bairro de Nossa Senhora da Apresentação. Por dia, dois policiais militares dão plantão nas bases, todos equipados com coletes e armas. As unidades passam 24 horas abertas e seis horas do dia contam com a presença de um policial civil.

Para distribuir o horário ao longo do dia, a Secretaria de Segurança estabeleceu que um agente fica na base do Parque dos Coqueiros das 8h às 14h, no Jardim Progresso das 10h às 16h, e na Planície das Mangueiras das 12h às 18h. Além da presença dos policiais, os postos são equipados com dois computadores, sendo um notebook, e rádio de comunicação.

Boletins de Ocorrência
Todo o processo de funcionamento do Comunidade em Paz ainda está em fase de adaptação. Apesar de a Polícia Militar trabalhar com a Polícia Comunitária desde o ano passado, esse novo projeto tem peculiaridades, uma delas é a confecção de boletins de ocorrência dentro da própria base policial.

É o que explica o agente da Polícia Civil Gilberto de Souza Gomes, que desde o mês passado está trabalhando no posto policial do Parque dos Coqueiros. “Fazemos aqui qualquer tipo de Boletim de Ocorrência, menos roubo de carro, que tem que ser feito na Delegacia Especializada em Defesa e Propriedade de Veículos, a Deprov. No mais, furtos e roubo a pedestres, arrombamentos de residências ou estabelecimentos comerciais, perdas de documentos, entre outros, podem ser feitos aqui”, comenta.

Apesar dessa nova realidade, o policial lembra que poucas pessoas procuraram o posto policial para fazer registro. “Estou há um mês e meio e, até hoje, só fiz cinco B.Os, sendo dois de perda de documentos, dois furtos e um roubo. É um número pequeno, mas deve crescer nos próximos meses com a divulgação”.

De acordo com Gilberto de Souza, a polícia fez até um trabalho de panfletagem explicando melhor o Comunidade em Paz, mas ele ressalta que o processo de adaptação é relativamente lento. O mesmo foi dito por policiais militares da base do Jardim Progresso.

Lá, o movimento tem sido mais intenso, mas ainda tímido. O soldado Ronildo Bezerril de Alcântara disse à reportagem que as brigas domésticas e de vizinhos têm dominado as estatísticas de ocorrência. “Acontece muita briga por terreno, mas, principalmente, agressão entre familiares, como marido e mulher, que no caso é aplicado a Lei Maria da Penha”, conta o PM.

Outro ponto de destaque citado por ele é que alguns moradores estão aproveitando a presença mais ativa da Polícia Militar no bairro para solicitar ajuda em outras ocorrências. “Como eles sabem que a PM é pau pra toda obra, a gente tem recebido muito chamado para prestar auxilio social, como fazer o socorro a vítima de acidente doméstico, por exemplo, caso a SAMU tenha outras prioridades e não atenda”, ressalta o soldado Ronildo.