Ainda era cedo da noite da sexta-feira 13, policiais do 1º Batalhão iniciavam uma incursão nas ruas estreitas da comunidade Mãe Luiza, zona Leste de Natal. Uma atividade comum que tem como princípio identificar e prender indivíduos ligados direta e indiretamente ao tráfico de drogas, principal moeda que rege a facção criminosa instalada no morro. Enquanto a equipe fazia o patrulhamento a pé na rua Camaragibe, endereço de dezenas de fatos sangrentos registrados por mim ao longo dos últimos 20 anos, três homens armados acabaram surpreendidos, eles estavam na frente de uma residência e não tiveram outra opção senão correr diante da presença do Estado, também armado.
De acordo com o boletim confeccionado na Central de Flagrantes, um dos suspeitos se voltou contra os PMs que naquele momento perseguiam o trio. Esse suspeito atirou três vezes e diante da ameaça grave houve reação e o homem que disparou a arma acabou atingido, ele logo caiu na esquina da rua Da Guia com um ferimento a bala. Os outros comparsas conseguiram escapar do cerco policial pelas ruas estreitas tão frequentadas pela parteira que deu nome ao bairro. Estendido ao chão com uma bolsa nas costas e uma pistola calibre 380 na mão direita o adolescente de 17 anos foi levado para o pronto socorro Clóvis Sarinho onde já deu entrada sem vida.
Após os procedimentos legais e administrativos, os policiais do Tático Bravo retornaram para o patrulhamento em toda a região, cumprindo uma missão árdua, desafiadora e de extremo risco. Situações semelhantes de confrontos entre faccionados e Polícia Militar na comunidade somaram cerca de 40 registros somente no ano de 2022, a maioria com óbitos. Em alguns momentos, durante atividades de fiscalização, viaturas foram alvejadas e a própria sede da companhia do 1º Batalhão metralhada pelos criminosos como forma de tentar intimidar quem não se intimida.
O que podemos entender no cenário montado há anos nesse ponto específico de Natal é que o esforço das polícias é legítimo, tanto a PM, como a PC trabalham com as ferramentas que possuem, porém verdade seja dita, mesmo sob o risco de ameaças de morte como a que sofri do falecido “Sandro Magão”, um antigo líder da facção no morro, toda vez que a polícia entra no labirinto hostil e amável de Mãe luíza alguém do lado de lá responde com fogo ao ofício de quem é vocacionado para manter a ordem e a paz, mas muitas vezes é impedido por forças ocultas vindas lá de cima, não do morro, não do céu e sim de outro lugar que você que combate o bom combate sabe qual é. Os guardiões sinalizam, orientam e clareiam como o farol, no entanto pouco são lembrados e muitos acabam esquecidos mesmo depois de uma vida inteira dedicada a Luiza.