Publicada: 13/11/2022 às 10h36

Caetana e sua chegada triunfante no sertão potiguar

Com a interiorização do crime, os assassinatos cresceram 40% em cidades onde a paz era a bandeira.

Por Sérgio Costa

O sol raiava e a música ainda trazia o velho  tom sofrido e romântico da voz do cantor quando a "Moça Caetana" chegou com seu vestido preto, descalça e de olhar desesperançoso. Quem experimentava a mistura dos perfumes naquela noite de vaquejada na rainha do Seridó teve que dividir os caros franceses com o cheiro de sangue. Júnior Marques da Silva, de 31 anos era paulista e foi morto a tiros no final da festa. Um amigo dele também foi baleado e socorrido para uma unidade hospitalar de Caicó.

Na madrugada anterior, uma cena trágica deixou a população da pacata cidade de Taboleiro Grande, distante 375 quilômetros de Natal, mãe, filha e genro foram mortos a tiros dentro de casa por pessoas ainda não identificadas. Vânia Maria da Silva, de 37 anos, Ana Letícia Silva, de 14 e Adriano Gonçalo Santos, de 28 foram surpreendidos enquanto dormiam. Histórias semelhantes estão sendo registradas quase que diariamente em municípios do Rio Grande do Norte, um crescimento assustador dos índices de violência nunca visto no interior.

O fenômeno é explicado por especialistas em segurança pública que definem essa realidade como o “Êxodo do crime”, motivado pela necessidade das facções criminosas atuarem de maneira mais forte sem a presença sufocante das forças de segurança. Na região Metropolitana a presença das polícias é maior, mas nas cidades que formam o restante do Estado o efetivo descontrói definitivamente a ideia de paz. Essas facções se instalaram de tal maneira no interior que a cúpula se segurança agora se volta para operações em combate ao tráfico e assassinatos.

Um estudo estatístico realizado com informações e dados apurados pelo PortalBO, indica que nos últimos oito anos os casos de homicídios aumentaram em 40% nas cidades do RN, despertando assim a preocupação de quem vivia em um reduto de tranquilidade e harmonia. Em uma breve leitura de um dos textos históricos do dramaturgo, romancista, escritor, ensaísta e poeta Ariano Suassuna encontrei um nome próprio que ele afirma ser a identidade da morte no sertão, “Caetana”.