Publicada: 18/06/2022 às 05h49

As cabeças arrancadas e afundadas no Potengi

A polícia não consegue identificar assassinos que há anos criaram a “O leito da morte” decapitando inimigos e jogando corpos no rio.

Por Sérgio Costa

Outro dia ouvi, “Se existe o poder paralelo, também se faz presente a lei paralela”. Esta afirmação é de um juiz criminal fadado a examinar processos e decidir pela condenação ou liberdade de indivíduos que trazem a marca do crime. As palavras deste Paraibano que terá o nome preservado, a pedido próprio, é o pilar mais forte de sustentação quando o assunto é o ódio promovido por facções criminosas. A guerra por território e o controle do tráfico criou há anos um cenário de guerra contínua entre grupos armados que disseminam sangue e morte, sem misericórdia ou piedade.

Ao longo dos últimos cinco anos dezenas de assassinatos com características diferentes foram registrados pela polícia, pessoas vítimas de homicídio com a marca da crueldade. Indivíduos encontrados boiando nas águas do rio Potengi, em Natal, Rio Grande do Norte, decapitados. De cara é possível imaginar que é uma forma sanguinária dessas facções demonstrar poder e letalidade, características que são amparadas pelo tribunal do crime imposto por líderes desses grupos.

A reportagem do PortalBO teve acesso a dados que atestam esta realidade tão presente e recorrente, porque não dizer assustadora. De junho de 2018 até o mesmo período de 2022, foram 21 corpos encontrados sem cabeça nas margens do rio Potengi entre as comunidades Paço da Pátria e Beira Rio, em nenhum desses casos a Polícia Civil conseguiu identificar os autores dos assassinatos.

No entanto todas as vítimas, mesmo sem cabeça, foram identificadas pelo ITEP (Instituto Técnico e Científico de Perícia) através do setor de Papiloscopia Forense. Mesmo desconhecidos, esses criminosos são investigados e por vezes apontados por suspeição em delações durante procedimentos de flagrante.