Natal, Rio Grande do Norte, 19 de Abril de 2024

A mão que balança a morte

A trajetória efêmera e precoce daquele que adotou o crime como paixão

Sérgio Costa   07/03/2021 às 15h16   -  Atualizada em 07/03/2021 às 15h20

Foto: Cedida

Na vida existem escolhas, mas as oportunidades interferem diretamente nessas escolhas. O bem e o mal sempre estabeleceram um papel importante na vida dos indivíduos, eles definem a ordem e a acronologia do passado, presente e futuro. Se tratando de comportamento humano essas duas realidades presentes fazem um efeito absolutamente concreto, o bem alimenta as virtudes, a paz, a ordem e o amor, já o mal traz a discórdia, a dor e como principal bandeira a morte. Mesmo conhecendo seus efeitos diferentes muitos parecem desafiar a lei natural da vida, que consiste naquilo que é favorável e bom, seguro e legítimo e acabam definindo como o principal modo de viver a sombria, efêmera e precoce paixão pelo crime.


Jardeson Francisco tinha 15 anos quando fez a escolha, se destacava ainda muito novo nas rodas movidas pela deliquência no subúrbio da zona Oeste de Natal, em menos de dois anos o menino que estudara até ao quinto ano foi recrutado por integrantes de uma facção criminosa criada no Estado e se tornou aos 17 líder e responsável pelo julgamento e tortura daqueles que descumprissem as normas e leis da facção. Implacável em suas atitudes sangrentas o anjo da morte como passou a ser chamado, ganhou notoriedade nas redes sociais onde fazia questão de ostentar o seu poder e crueldade. Em diversas postagens ele aparecia exibindo armas, dinheiro fruto de roubos e vítimas do tribunal do crime.


O anjo da morte não parava, a cada dia surgiam novas informações sobre a conduta sem clemencia que ele adotava na comunidade onde nasceu, chegando a agir de maneira ousada ameaçando de morte um policial militar enquanto se mantinha escondido por possuir diversos mandados de prisão expedidos pela justiça de Natal. Durante dois meses o anjo da morte ficou em silêncio, muitos perguntavam onde estava o bandido mais temido da cidade dos últimos tempos, o que aconteceu com a embalada trajetória de um jovem com agora 19 anos de idade que destacava com transparecia e sem medo mostrando sua paixão pelo crime.

Mas a resposta chegou a galope em uma tarde de quarta-feira do Janeiro de 2021, depois de fugir da cidade para não ser preso o anjo da morte passou a ser integrante do bando mais perigoso do Nordeste, um grupo criminoso responsável por explodir bancos e invadir cidades, uma quadrilha que passou a ser chamada de “O novo cangaço”. Jardeson de posse de um fuzil furtado da Polícia Militar do RN trocou tiros com policiais do Estado da Bahia, ele juntamente com os comparsas tinham, assaltado uma agência bancária no interior baiano. Encurralado o anjo da morte foi baleado no peito e pela escolha que fez pôs fim a uma saga que ele mesmo previa que terminaria cedo.

Jardeson tinha tatuado na mão a imagem de uma boca sorrindo, ele dizia que era o símbolo de quem não temia nada. A mão que balança a morte faz alusão ao perigo perto como o filme “A mão que balança o berço” do diretor Curtis Hanson. A vida de Jardeson não precisou de diretor ele mesmo dirigiu um destino claramente certo.
 

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