Natal, Rio Grande do Norte, 29 de Março de 2024

Se o meu time perder eu te mato, se ele ganhar também!

Jovens criam leis próprias, matam e morrem por nada.

Sérgio Costa   14/08/2011 às 16h21   -  Atualizada em 21/07/2017 às 14h33

Foto: Thyago Macedo
Thaise morreu com um tiro na cabeça

Por trás de uma paixão fervorosa pelo clube de coração, pode se esconder um criminoso capaz de morrer e matar por ela! Concordei com isso durante muito tempo. Hoje, não mais!

Nunca fui de ir ao estádio gritar desesperadamente e expor meu peito com macas vermelhas ou pretas e brancas. Mas influenciado pelo meu irmão mais novo acabei detestando uma derrota do ABC. Nada muito Shakespeariana, mas vibro!

E vibro mais ainda quando pela voz dos gênios da comunicação esportiva como Marcos Lopes, torno-me conhecedor de que o clássico foi quente e lindo. Para esses profissionais aqui fica a minha admiração e respeito. Para os invasores armados da bola meu desprezo.

Mas não vou aceitar comparações. Pra mim, torcedor é torcedor. Quem confunde o belo com crime tem que parar nas barbas da lei.

Hoje, assisto ao vivo uma gangue mafiosa tentando saquear e manchar de sangue o que a própria arte e a história se propuseram a criar, o futebol.

São jovens com idades entre 13 e 17 anos que camuflam por dentro de um símbolo sagrado o consumo e tráfico de drogas e por elas matam e morrem!

Quem tirou a vida da adolescente Thaise talvez nunca soube quem foi Ivan Silva (América), Nonato (ABC), ou Joel Ribeiro, que fez história no RN jogando no ABC, América e Baraúnas. Nomes e almas que coloriram o verdadeiro cenário do um palco chamado domingo.

Nos clássicos de hoje, a Polícia Militar faz o seu show à parte, defende com qualidade aqueles que entendem o que estou dizendo, mas vejo outras instituições de braços cruzados, preocupadas em organizar estatísticas e ignorando o que está estampado nos cartazes de milhares de casas: Aqui mora uma mãe que perdeu o filho pelas drogas.

Ontem, cheguei em casa já tarde, meu irmão disse: Leandro caiu! Eu nem perguntei o motivo. Para um “Chico malícia” meia palavra basta! Fui dormir apaixonado depois de ouvir a voz da minha querida Mara, americana “doente”, e acordei pouco tempo depois como o telefone tocando.

Era um oficial da PM, “amigo das antigas”. O policial, que veste preto e branco quando está de folga, me disse que uma garota de 14 anos foi morta. Era Thaise. A jovem sofreu um tiro na cabeça disparado por um desconhecido que se intitulava defensor de suas ideologias de torcedor.

Thaise nem tinha opinião sobre a saída de Leandro Campos. O atirador, que nem sabe “quantas andam” o primeiro tempo, vai matar de novo amanhã ou após ultrapassar os portões da futura e polêmica Arena das Dunas.

Vigilantis Semper! A esses torcedores que vestem verde orgulhosamente, o meu apelo: zagueiros, nunca deixem de marcar, é bom ver gols de zagueiros! São mais bonitos! Deixem os atacantes com suas estatísticas. Vou terminar por aqui. Meu irmão acabou de me informar o placar. 

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