Publicada: 18/03/2015 às 15h13

Quem tem que mandar em presídio é o Estado e não presos, OAB ou a mãe Joana

Por Thyago Macedo

 A crise que se instalou no Sistema Penitenciário do Rio Grande do Norte, ao contrário do que se comenta e se informa, não começou na semana passada, nem no mês passado, nem no ano passado. Essa crise é antiga, velha e batida. Ela acontece por um único motivo: o Estado nunca quis ou nunca teve competência para mandar nos presídios.

É isso mesmo, senhores. Os governantes sempre esconderam aquilo que consideram como “lixo” debaixo do tapete. Construir cadeias nunca rendeu voto em nenhum lugar do mundo. Pelo contrário, a população de determinado bairro ou cidade faz protesto para não ter um presídio em sua área, então, qual governo que vai trabalhar contra seu eleitorado? Nenhum.

Acontece que toda sociedade está pagando um preço alto, muito alto, por anos e mais anos sem investimentos no Sistema Penitenciário, seja em efetivo ou em equipamentos e unidades. Nos últimos dias, após rebeliões, todo o Estado pôde ver na mídia aquilo que é o interior de uma unidade prisional.

Os agentes penitenciários, que têm a segunda profissão mais perigosa do mundo, convivem diariamente dentro de um caldeirão. Assim como na nossa casa, nós só corremos para apagar o fogo que alimenta o caldeirão quando ele começa a ferver, não é verdade?

Assim é o Sistema Penitenciário. Basta a temperatura esquentar, o caldeirão ferver e pronto, está montado o circo. O que o Governo do Estado precisa definitivamente entender é que quem manda nos presídios é o próprio Estado.

Está mais do que na hora dos políticos criarem vergonha na cara e investirem em novos presídios, mais agentes penitenciários, mais armamento, mais segurança, mais ressocialização, mais tecnologia e mais inteligência no Sistema Penitenciário. Muitas dessas medidas, é verdade, podem não render votos, mas rendem paz para um Estado. Investir em ressocialização, por exemplo, é evitar que criminosos voltem para as ruas como criminosos e não como cidadãos dispostos a recomeçarem.

O Governo precisa entender que tem o poder de intervir, de ordenar, de definir estratégias, de tomar as rédeas das unidades, coisa que nunca deveria ter perdido, é ele. Quem tem que mandar nos presídios não são os presos, não é a Ordem dos Advogados, o Direitos Humanos e nem a “mãe Joana”. Quem tem que mandar e quem pode de fato mandar no Sistema Penitenciário é o Estado.