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Natal, Rio Grande do Norte, 23 de Abril de 2024

Quando o medo bate à nossa porta a indiferença salta pela janela

Thyago Macedo   16/11/2015 às 11h33   -  Atualizada em 26/08/2017 às 11h33

 A França parou. O mundo parou. No final de semana, assistimos a mais uma barbárie provocada por terroristas e, chocados, choramos juntos com o povo francês a dor do medo. Sentir terror simplesmente ao assistir pela TV as informações dos atentados em Paris é uma reação natural? Sim.

Mas não somente isso. Neste caso, o clamor que sentimos não é puro e simplesmente pela perda de vidas inocentes. Neste caso, o medo bateu em nossa porta. A França é uma das portas do mundo ocidental, cartão postal, visitada diariamente por milhares de pessoas dos mais variados países, inclusive o Brasil.

A França tem futebol, tem o Zidane, a Torre Eiffel, o Rio Sena, o Arco do Triunfo. Todos nós conhecemos a França, mesmo aqueles que nunca pisaram lá. E é isso que faz com que o terror sofrido pelos franceses seja o nosso terror.

O que nós sabemos sobre a Síria, sobre o Iraque, sobre a Líbia e tantos outros países árabes? Desde sempre, sabemos apenas que são países que vivem em guerra, uma “guerra santa”.

Na maioria desses países, a morte de inocentes em atentados terroristas ou até mesmo em conflitos de guerra é uma triste rotina. Homens-bomba, carros-bomba, lobos solitários ou quaisquer outros nomes que queiram dar promovem verdadeiras carnificinas quase que diariamente.

Vemos isso nos telejornais apenas como mais uma notícia ou até mudamos de canal. Quantas vezes postamos em nossas redes sociais bandeiras da Síria, da Líbia, do Egito, do Iraque?

Somos indiferentes a essa realidade. Assim como somos indiferentes à realidade da nossa própria periferia. Pobres, favelados e negros (perfil da maioria das vítimas, de acordo com estatísticas) são executados todos os dias em uma guerra que não é santa, mas sim uma guerra pela sobrevivência às margens da sociedade.

Ficamos chocados com a insegurança e com a violência quando a vítima é filho de empresário, de um político, é um doutor, um playboy ou patricinha da alta sociedade. Caso não seja esse perfil, encaramos apenas como mais uma notícia ou caracterizamos como notícia sensacionalista e até chamamos o jornalismo policial de jornalismo de quinta categoria.

É natural do ser humano ser indiferente àquilo que está distante da sua realidade. Somente quando o medo bate em nossa porta a indiferença salta pela janela.

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