Natal, Rio Grande do Norte, 04 de Maio de 2024

PM realiza operação e tenta diminuir violência em Mãe Luiza

Mãe Luiza vive dias de terror e medo por causa de uma lei imposta por traficantes.

Sérgio Costa   18/03/2012 às 17h44   -  Atualizada em 04/02/2015 às 13h41

Tiroteios, assassinatos, tráfico de drogas e a ausência constate da segurança. Morar em Mãe Luiza, um dos bairros mais populosos da zona Leste, tornou-se um desafio arriscado e quase mortal. Para tentar amenizar essa realidade, a Polícia Militar montou uma operação especial na tarde deste domingo (18).

Policiais da Cavalaria e do Batalhão de Choque estão percorrendo as ruas daquele bairro na tentativa de apreender armas, drogas e retirar possíveis criminosos de circulação. Não é de hoje que Mãe Luiza é sinônimo de violência e medo. Ao longo dos últimos anos, o bairro vivencia uma guerra inacabável que já deixou um saldo preocupante de mortes e atentados, em sua maioria envolvendo jovens e adolescentes.

O motivo dos conflitos diários entre grupos rivais, até pouco tempo era desconhecido, no entanto, os próprios moradores cansados do silêncio desgastante, provocado por uma das leis impostas pelo tráfico, resolveram falar.

Em uma das ruas que se entrelaçam no bairro, a São Pedro, uma dona de casa, mãe de cinco filhos, sendo dois adolescentes, recebeu a reportagem do Portal BO em sua residência e revelou que o clima é de total desespero e insegurança. De acordo com ela, jovens caminham fortemente armados com pistolas e escopetas, livremente nas ruas da parte alta do bairro. O local é conhecido como "Caixa D´agua". Uma alusão a um dispositivo da Caern desativado há anos, implantado na rua. Muitos ainda não completaram a maior idade e outros são figurinhas tarimbadas da crônica policial.

Sentada na cadeira da sala e com as janelas e portas da casa fechadas, a mulher, que terá sua identidade preservada, disse ainda que os tiroteios são constantes, diários e acontecem a luz do dia. Os jovens armados da Caixa D´agua descem a rua e se encontram com outros jovens de um grupo conhecido como "Turma do charutinho", moradores da rua São Paulo, e iniciam uma batalha sangrenta e mortal.

Uma dívida de drogas, a presença não anunciada de um membro do grupo em território inimigo ou o simples prazer de matar. Várias são as motivações dos conflitos entre eles.
A mulher que teve um dos filhos assassinados em um desses conflitos, denunciou a atuação da Policia Militar. Segundo ela, são poucos os PMs que se arriscam entrar nos becos estreitos das travessas do bairro. A maioria sabe que a morte é certa caso invada o local sem apoio e com isso acabam apenas observando o fato.

Diante de uma realidade notória e violenta a comunidade também acaba tendo que se submeter a ordens de líderes armados que agem no bairro. "Quem mora na Caixa D´agua não desce e quem mora embaixo não sobe", declarou a mulher, mostrando uma foto de aniversário do filho de 16 anos morto em agosto do ano passado.

A Polícia Civil investigou e conseguiu prender alguns dos homens responsáveis pelo terror que impera em Mãe Luiza, contudo, o crime ainda persiste e parece não ter fim.
 

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