Natal, Rio Grande do Norte, 19 de Abril de 2024

Operação Alcateia do MP teve como foco facção criminosa Sindicato do RN

Foram expedidos 39 mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão.

Redação   04/02/2016 às 12h06   -  Atualizada em 29/08/2017 às 09h17

 Fruto de dez meses de investigações, foi deflagrada nesta quinta-feira (4) a operação para combater a facção criminosa denominada “Sindicato do RN”, que atua dentro e fora dos presídios potiguares. Foram expedidos 39 mandados de prisão e 20 mandados de busca e apreensão pelos Juízes de Direito das Varas Criminais das Comarcas de Apodi, Caicó e São Gonçalo do Amarante.

Dos trinta e nove mandados de prisão, 27 dizem respeito a investigados já presos e que de dentro dos presídios atuam emitindo ordens para a prática dos mais diversos ilícitos em várias Comarcas do Estado. Líderes e braços operacionais dessa facção foram identificados e são investigados por crimes de organização criminosa, homicídios, roubos, tráfico ilícito de entorpecentes, dentre outros.

A investigação tem origem a partir de informes coletados nas Operações Alcatraz e Citronela, deflagradas respectivamente em dezembro de 2014 e setembro de 2015, observando-se que as atividades do “Sindicato do RN” avançaram ao longo do ano de 2015, mesmo com isolamento de alguns de seus líderes no sistema penitenciário federal, ocorrendo uma sucessão de lideranças.

Dentre outros, tiveram prisões decretadas as seguintes lideranças: Francisco das Chagas Rosa da Silva, conhecido como “Chaguinha”, um dos fundadores e membro da Linha Final; Jamerson César da Silva, conhecido como “Passarinho” ou “Voador”, membro da Linha Final; Gilmar da Cruz Silva, conhecido como “Curau”, membro do Conselho; Evan Ferreira Machado, conhecido como “Gordo Evan”, atacadista do tráfico de drogas; Wiliam Ferreira da Cunha, conhecido como “Oião” ou “Brahma”, membro do Conselho; Bruno Pierre Araujo Falcão da Silva, conhecido como “Pierre” ou “Wolverine”, membro do Conselho; Tarcísio Oliveira da Silva, conhecido como “Macaco” ou “Gorila”, membro do Conselho; João Maria Silva de Oliveira, conhecido como “Seba” ou “Cego” ou ainda “Pirata“, membro do Conselho; Estevam Sales da Silva, conhecido como “My Friend”, membro do Conselho; Gabriel Matheus Costa Torres, conhecido como “Lacoste” ou “Jacaré”, membro do Conselho; Gabriel Morais, conhecido como “Pesadão”, liderança em Caicó/RN; Orlando Vasco dos Santos, membro do Conselho; Neemias de Lima Figueiredo, conhecido como “Miau”, membro do Conselho; e Severino dos Ramos Feliciano Simão, conhecido como “Tirinete”, membro do Conselho.

Nesta quinta-feira, cinco pessoas foram presas em flagrantes por crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e porte ilegal de arma de fogo. A Justiça determinou ainda o bloqueio de 79 contas bancárias usadas pela facção, pertencentes a titulares que estão sendo investigados quanto à colaboração com a organização criminosa.

Fundação e domínio territorial

Do estudo das peças investigativas que abordam o histórico do “Sindicato do RN”, ou “Sindicato do Crime” ou ainda “SDC” observa-se que a sua fundação se deu no dia 27/03/2013 por dissidência de detentos que tiveram participação nas atividades do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Rio Grande do Norte, os quais compreenderam a sistemática de funcionamento da organização e romperam com a mesma por discordarem do grande rigor das regras do estatuto do grupo, da forma de tratamento com inadimplentes com a contribuição mensal e do valor desta, além da insatisfação com a obrigação de prestar contas a detentos de outros Estados.

A organização paulista acabou compartilhando a expertise de métodos de atuação criminosa, capacitando os presos potiguares quanto ao funcionamento desse tipo de organização, para assim atuarem de forma mais eficiente, os quais ganharam autonomia e buscaram formar uma organização autônoma, inicialmente rudimentar, mas que, subestimada pelo Estado, foi progressivamente se aperfeiçoando, tendo como metas o controle do interior dos presídios e de territórios fora deles para o tráfico, o que denominam “quebradas”.

A relação com a Operação Citronela observa-se em razão de histórico de sangrenta disputa pelo monopólio do comércio do tráfico de drogas na região da Ponte de Igapó, tendo ocorrido violenta competição entre o grupo do traficante Joel Rodrigues da Silva, que detinha o domínio da comunidade do “Mosquito” com traficantes que atuavam na comunidade “Beira Rio”, zona norte de Natal e na “Baixa da Coruja”, no Jardim Lola, em São Gonçalo do Amarante, motivo por que se observou a necessidade de investigar também esses outros traficantes.

A partir do momento em que Joel Rodrigues da Silva conseguiu avançar e se impor na comunidade “Beira Rio” houve uma reação dos primos Diego da Silva Alves, conhecido como “Diego Branco” e Francisco das Chagas Rosa da Silva, conhecido como “Chaguinha”, que detinham e ainda detém o monopólio do tráfico na “Baixa da Coruja”, em defesa desse território e de outros em São Gonçalo do Amarante, sendo ambos fundadores do “Sindicato do RN”.

Na data de hoje foi preso em São Gonçalo do Amarante o investigado William Carlos Souza de Oliveira, conhecido como “Lobo”, o qual, segundo as investigações, é apontado como autor de diversos homicídios a serviço da facção, dentre essas mortes está a de Anxo Anton Valiño Gonzalez, assassinado no dia 06 de agosto de 2015, por ter se estabelecido no Jardim Lola, em razão da mera suspeita de que o mesmo estaria articulando traficar na localidade.

*Fonte: MP/RN

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