Publicada: 27/10/2011 às 08h33

O chefe da boca tem 14 anos

Por Sérgio Costa

Com o avanço da agência do tráfico de drogas em todo o Estado, tornou-se fácil flagrarmos a polícia descobrindo e fechando bocas de fumo diariamente em vários pontos. Nenhum crime é perfeito. Também está ficando cada vez mais comum conhecermos a identidade de seus donos.

Nada impressiona quando chego à delegacia e encontro alguém algemado declamando inocência e anunciando ser viciado. Parece mentira, mas todos dizem o mesmo!

O que realmente vem me preocupando nos últimos meses é a verdadeira face desses agenciadores, pois não são mais homens experientes, vividos no crime, marcados por ele. São crianças com vocabulário, atitudes e domínio de impressionar qualquer um.

Em uma dessas andanças em busca do fato me encontrei com uma. "Carpinha", como é mais conhecido pela tatuagem exibida na perna. O jovem de voz ainda puberfônica disse que começou a comprar para vender desde os seus 11 anos. Agora, com 14, não pensa em deixar o negócio perigoso, com destinos certos que são a cadeia e a morte, mas lucrativo.

Detido por ter sido flagrado em uma batida policial com 30 pedras de crack ele conclui a breve conversa sentado no corredor da antiga sala de Maurílio dizendo que preferiu o crime que a escola e os desejos de menino.

Naquele momento percebi que a conquista é algo crucial e definitivo como a escolha. Por mais que ela dure o tempo que lhe resta, deixa marcas no conquistado e no conquistador.

"Carpinha" saiu pela porta da frente 50 minutos depois!