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Natal, Rio Grande do Norte, 29 de Abril de 2024

Exclusivo: Milícias atuam em vários pontos da Grande Natal

Criminosos, incluindo policiais, realizam assaltos, extorsões e cometem assassinatos em São Gonçalo do Amarante, Parnamirim, Macaíba e Natal.

Thyago Macedo   04/10/2011 às 22h06   -  Atualizada em 21/07/2017 às 14h40

Foto: Herácles Dantas / Jornal de Hoje
Milícias têm atuado em roubos de carros

As constantes execuções e desovas no município de São Gonçalo do Amarante e em áreas como Parnamirim e Macaíba estão atribuídas à existência de milícias. Pelo menos três grupos, incluindo policiais militares, vêm atuando em crimes de extorsões, roubo de veículos e receptação de produtos roubados.

A reportagem do Portal BO e d'O Jornal de Hoje conversou com algumas fontes e descobriu como funcionam os esquemas. De acordo com um policial civil, que terá identidade preservada, que os grupos estão organizados há cerca de cinco anos. Ao longo desse tempo, vários policiais foram presos por envolvimento e alguns, inclusive, expulsos da Polícia Militar. No entanto, a vida no crime continua.

“Tinha um grupo muito forte agindo na Zona Norte, que era comandado por José Carlos Araújo de Medeiros, conhecido por Carlos Cacuruta. Ele teve mandado de prisão expedido ainda em 2007, na ocasião em que foram presos os policiais Marcílio Carvalho Régis e Adriano Lúcio Feliciano da Silva. Mesmo com a identificação desses, a quadrilha continua agindo”, revela.

Foto: Thyago Macedo

 

De acordo com a fonte, atualmente, existem policiais militares atuando no crime. “Quando a Polícia Civil começou a investigar a quadrilha de Carlos Cacuruta e foi identificando todos os membros, eles se dividiram e passaram a atuar em grupos menores. Hoje, só na Zona Norte e em São Gonçalo são três milícias. Além disso, existe uma atuando na região de Macaíba, Parnamirim e Zona Sul de Natal. Um grupo não pode invadir o espaço do outro”, ressalta.

São cerca de 30 policiais militares realizando uma espécie de poder paralelo. “Tradicionalmente, eles fazem extorsões em bocas de fumo, obrigando os traficantes a pagar o famoso ‘arrego’, mas, também passaram a atuar em outros segmentos. Hoje, as milícias roubam um carro, colocam determinadas pessoa dentro e saem para praticar roubo. Ao final, ateia fogo no carro com a pessoa dentro para não deixar pista”, explica o policial.

Um exemplo disso foi o caso do empresário José Edilson dos Santos, de 44 anos, que foi encontrado totalmente carbozinado na estrada de Serrinha, próximo à Santo Antônio. Ele morava no loteamento Nova República, em Pajuçara, na Zona Norte de Natal, mas era proprietário de um transporte alternativo que circulava em Parnamirim. No dia 26 de setembro saiu de casa em um Ford Ka e não foi mais visto. O veículo também foi queimado.

Outro caso atribuído às milícias foi a morte de um homem no dia 30 do mês passado. Ele foi encontrado próximo a um veículo Pólo, com placas NVD-3761, do Ceará. “Eles pegam as vítimas, praticam os crimes e matam para não deixar rasto. Algumas mortes, no entanto, são cometidas por queima de arquivo dos próprios integrantes da quadrilha”, completa o policial.

Coronel Araújo Silva
 

A reportagem também conversou com o comandante geral da Polícia Militar, coronel Francisco Canindé de Araújo Silva, que destacou a intolerância da corporação com policiais que apresentam desvio de função. “Sempre que recebemos denúncias de atos criminosos, imediatamente abrimos sindicância para apurar. Em caso de comprovado a transgressão, nós punimos rigorosamente. Prova disso, é que desde que assumi o comando da PM, já foram expulsos 53 policiais”, explica.

Sobre a atuação dos grupos atuais, coronel Araújo destaca que recebe informações, mas sempre de maneira extraoficial. “Fica mais difícil investigar sem elementos mais detalhados. Qualquer cidadão que souber de alguma coisa pode procurar a corregedoria ou o comando da PM e relatar com a certeza que os crimes serão apurados e os responsáveis punidos”.

Assalto em São Gonçalo do Amarante
Outro caso suspeito de participação de milícia foi registrado na noite desta segunda-feira (3), tendo como desfecho a morte de um assaltante identificado apenas pelo apelido de “Diogo Catita”. O jovem, de acordo com a polícia, teria realizado assaltos durante a noite e madrugada, juntamente com mais dois bandidos. Inclusive, um policial militar teria sido vítima do bando.

Foto: Herácles Dantas
Fox foi usado em assalto, nesta terça
 

De acordo com a versão oficial, os três criminosos realizaram um assalto na casa onde estava o sargento PM Alessandro Dagoberto, em São Gonçalo do Amarante. O policial alega que estavam com amigos e familiares, no início da noite, quando os bandidos chegaram em um veículo Fox de cor vermelha.

Eles teriam dito, inclusive, que eram policiais. Os criminosos pretendiam roubar o carro do sargento, mas desconfiaram que ele fosse equipado com GPS e, possivelmente, rastreado. Mesmo assim, eles ainda fugiram levando a arma do policial militar e, logo depois, roubaram duas motocicletas em uma granja.

O carro, de placas MNE-9633 (Campina Grande-PB), de acordo com a polícia, foi abandonado durante a madrugada, no bairro Padre João Maria. O mesmo local, aliás, foi onde os policiais militares afirmaram ter entrado em confronto com os bandidos, matando um deles.

Os outros três criminosos conseguiram fugir. Um deles foi identificado como sendo João Paulo, mais conhecido por Chaguinha. Durante toda a manhã desta terça-feira (4), policiais militares do 11º Batalhão e do Grupo Tático Operacional (GTO) realizaram diligências no bairro Padre João Maria e na zona rural de São Gonçalo do Amarante, mas nenhum suspeito foi detido. 

 

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