Publicada: 28/09/2015 às 20h35

Canibalismo nas questões dos transtornos de personalidade

Por

 Estudando profundamente as questões de transtornos de personalidade, me deparei com os estudos de casos do Vampiro de Düsseldorf e de Jeffrey Dahmer. O que tem ambos os casos em comum com o canibalismo? Bem, em considerações iniciais, convém relatar que existem dois tipos de canibalismo: o cultural e o praticado pelos indivíduos portadores de transtorno de personalidade, que podemos chamar de psicopatas.

Desse modo, o canibalismo pode ser definido da forma mais comum como sendo um ato que um indivíduo devora partes ou um todo de outro indivíduo da mesma espécie. Isso pode ser observado em muitos outros seres vivos, tais como formigas, aracnídeos e etc.. Assim, em se tratando de canibalismo praticado por indivíduo humano, o termo empregado é antropofagia.

Em muitas culturas, o canibalismo foi sustentado pela prática de devorar pares da espécie humana em rituais sagrados. Nesse momento se levava a crença de que ao consumir as partes do um indivíduo daquele grupo social ou de outro grupo vencido, seus poderes, sortes e outras aptidões eram assumidas por quem os devorou. Entretanto, esse estigma se difere de casos conhecidos como os dos exploradores de caverna ou de outros relatos que informam acerca do canibalismo por necessidade de sobrevivência.

O canibalismo praticado por indivíduos com patente desvio de personalidade é brutal, bem como julgado impróprio pela ótica criminal. Declarações feitas, voltemos para os casos já mencionados: vamos conversar sobre o vampiro de Düsseldorf. O que impressiona nesse caso não é tão somente o fato de ser o Peter Kürten descrito como um homem bom, trabalhador e respeitador no seio familiar e social, mas sim o fato de que o mesmo bebia o sangue de suas vítimas.

Conta a história que era um homem bem asseado, com um grau de inteligência elevado, mas que atacava mulheres, crianças e homens com tesouras e, depois de aperfeiçoar sua técnica de abatimento, utilizava o martelo para matar as vítimas. Iniciou suas atividades matando pequenos animais, contudo, desenvolveu seu instinto com amigos próximos ainda na adolescência quando tentou afogar um colega em uma poça de lama. Foi incendiário e declarou que se deliciava vendo as chamas e o desespero das pessoas. O vampiro de Düsseldorf foi condenado à morte, mas em seu último pedido, ele desejou ouvir seu sangue jorrando. Por ele foi declarado que matava apenas as pessoas que atravessam seu caminho.

O que destaca mais que o vampiro de Düsseldorf é o caso de Jeffrey Dahmer. Enquanto que as atividades do vampiro de Düsseldorf iniciaram-se nos primeiros anos do século XX, a história de Jeffrey teve seu auge em 1970, quando este tinha aproximadamente 10 anos de idade. Não muito diferente de vampiro, Dahmer iniciou seus experimentos realizando a decapitação de pequenos roedores e desossando pequenos animais domésticos.

Após a separação dos seus pais, Jeffrey, ainda adolescente, começou a suas atividades. Na sua história é relatado que um dia o mesmo saiu para consumir bebidas alcoólicas em companhia de um mochileiro que a pouco conhecera, altas horas depois, após o mesmo se despedir, Jeffrey esmagou o crânio do rapaz e desmembrou o corpo. Contudo, esse foi apenas o início, pois ele confessou, por ocasião de sua prisão, a morte de 17 (dezessete) homens.

O próprio Jeffrey relatou que desmembrava todas as suas vítimas, bem como usava alvejante para separar a carne dos ossos, e o mais incrível, também confessou que comeu partes de algumas vítimas temperadas com sal, pimenta e molho barbecue.

Ao cometer um erro, Jeffrey foi preso e na sua residência foram encontradas muitas fotos de órgãos e partes de membros humanos, sem falar que o mesmo guardava cabeças como troféu. O comum dos dois casos é a anotação de que ambos os criminosos praticaram seus rituais nas suas zonas de conforto.

A necessidade que levava ao delírio de consumir partes ou beber o sangue de suas vítimas pode parecer loucura desvairada, mesmo assim, os dois foram declarados por respeitosos médicos como sendo indivíduos puramente sãos e com um alto nível de inteligência. Nessas razões, talvez o senso de canibalismo praticado por algum indivíduo com transtorno de personalidade é interpretado pela sensação de domínio sobre a vítima: a pura dominação do mais forte, sagaz e inteligente, em detrimento de uma caça abatida!